A cidade de Marataízes, celebrando uma gestão de uma década, enfrenta uma triste realidade: a falta de água tratada nas torneiras de muitas famílias, mesmo com uma arrecadação bilionária ao longo dos anos. Segundo o portal Tesouro Transparente do Governo Federal, o município arrecadou mais de R$ 1,5 bilhão, com receitas provenientes de Royalties do Petróleo e do Fundo de Participação dos Municípios. Contudo, áreas essenciais como água e esgoto nunca foram priorizadas.
Marataízes passa por um crescimento populacional expressivo nos últimos anos, com a população mais que dobrando. No entanto, esse aumento não foi acompanhado de investimentos estruturais. A administração pública, ciente desse crescimento, fechou os olhos para a necessidade de ampliação da rede de água e esgoto. Sem essas infraestruturas básicas, o desenvolvimento da cidade fica seriamente comprometido, deixando milhares de famílias desamparadas e forçando a convivência com a precariedade.
A captação de água para abastecer o município vem de Itapemirim, e o cenário é alarmante. De acordo com dados da Secretaria de Assistência Socia do Município de Marataízes, comunidades inteiras na zona sul sofrem com a escassez de água tratada. Canudos (153 famílias), Caculucagem (108), Imburi (210), Nova Jerusalém (130), Jerusalém (72), Timbó (119), e Timbó 2 (18) dependem de caminhões-pipa. Há, inclusive, escolas que ficam dias sem água, totalizando quase mil famílias. Isso, em pleno século XXI, forçando essas famílias a recorrerem a lagoas, como a de Boa Vista, para conseguir água.
A situação é tão crítica que, hoje, por exemplo (quinta-feira, 19), uma professora fez um apelo desesperado para que os pais enviassem água potável para os filhos beberem na escola. Em algumas comunidades, a ausência de água já dura cinco dias.
Embora o novo diretor do SAAE, Fábio Leal, tenha se esforçado para restabelecer o abastecimento, é impossível ignorar o fato de que, a administração pública com uma arrecadação bilionária, nem um centavo foi investido em um reservatório de água tratada em Marataízes. A crise atual, causada pela salinização do Rio Itapemirim devido ao avanço da maré, poderia ter sido evitada com um planejamento mais robusto e investimentos em infraestrutura básica.
É inadmissível que uma cidade com tantos recursos deixe seus cidadãos à mercê da escassez de um bem tão fundamental como a água. A administração pública atual teve tempo e verba suficientes para resolver o problema, mas preferiu adiar. Enquanto isso, comunidades e escolas continuam sofrendo, crianças sem água para beber e famílias recorrendo a soluções precárias.
Por Fabiano Peixoto, jornalista, editor-chefe do Capixaba News
Fonte de dados: portal Tesouro Transparente do Governo Federal