Apostando no poder de transformação por meio da arte, o Centro de Referência da Pessoa em Situação de Rua (Centro Pop) de Vitória promove oficinas de música para os usuários do espaço, localizado no bairro Mario Cypreste. As oficinas, além de desempenharem um papel terapêutico, revelam vários talentos. O grupo inspirou a equipe do Centro Pop a promover o Pop Star, um show de talentos musicais e de outras expressões artísticas.
O Pop Star acontece no próximo dia 13, a partir das 14 horas, na Concha Acústica do Parque Moscoso. O evento vai reunir mais de 30 talentos que se revezarão no palco em diversas apresentações musicais.
A frequentadora do Centro Pop Giovana Souza Costa, de 26 anos, é um dia talentos revelados e disse estar ansiosa com a chegada desse momento. “Gostaria de ver minha mãe (Maria Souza, de 42 anos, moradora de São Pedro) na plateia. O professor e outras pessoas que me ouvem cantando dizem que tenho talento. Minha mãe acha que as oficinas de música são apenas uma brincadeira entre as pessoas daqui, mas é muito mais que isso”, comentou Giovana.
Ao ser questionada sobre o que as oficinas de música representam para ela, Giovana revelou que os acordes musicais têm um poder “curativo” sobre sua vida. Usuária de drogas desde os 13 anos de idade, Giovana tem encontrado na música o caminho de desapego das drogas e a motivação para superação da dependência química , que contribuiu para levá-la à condição de pessoa em situação de rua.
Giovana disse que, quando está cantando chega a esquecer o vício e o desejo pelo consumo de drogas e, seu pensamento a faz sonhar em cantar com a Hip Hopper e Rapper carioca Lourena. “O Centro Pop descobriu esse meu talento. Eu gosto das oficinas. Gosto dos ensaios. Gosto de tudo. Sigo todas as orientações passadas pelo Thayron”.
Para Thayron Schoffer, que pela manhã atua como oficineiro no espaço e, à tarde, assume a função de engenheiro civil em outro local, o exercício profissional no Centro Pop foi um divisor de águas na sua vida. “Atuar aqui foi um encontro de muitos talentos. A potência deles é o que dá o gás para minha atuação aqui”, disse ele.
Thayron contou que o maior desafio é reunir todos na sala da musicalização, mas vencida essa etapa é “muito gostoso trabalhar com eles. São muitos talentos. Isso nos dá ânimo até para ir para o outro trabalho”.
Expectativa
A expectativa pela participação no Pop Star também enche de emoção os amigos Renato Honorato, de 40 anos, Agnaldo Santana Alves, Rivelino Coelho da Rocha, Antônio Ribeiro, mais conhecido como Chuta. “É uma emoção boa. Cantar distrai a mente. Cantar também ajudou a fazer amigos”, disse Agnaldo. “Saber que vou cantar no Pop Star me faz sentir alguém importante”, comentou Renato Honorato.
Na avaliação do coordenador do Centro Pop, Ramon Rosa, o Pop Star é o auge das oficinas de música, expressão corporal e artísticas desenvolvidas no espaço. “Nas oficinas são feitos trabalhos para potencialização dos talentos, mas, acima de tudo, esses momentos são usados para que aconteçam os diálogos, valorizando as características próprias de cada um e reflexões sobre diversos temas”.
A secretária de Assistência Social, Cyntia Schulz, destacou que todos os dias muitos trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (Suas) Vitória trabalham para que pessoas em situação de rua superem esta condição. “O Pop Star, organizado pelo Centro Pop, é um evento que teve ensaios e muito diálogo, que é a base do nosso trabalho, que descobre talentos, histórias, cria vínculos e possibilita traçar novos planos para cada pessoa. Será uma tarde de protagonismo da população em situação de rua em nossa capital”, ressaltou.
Pop Star: frequentadores do Centro Pop participam de show de talentos
