Por Fabiano Peixoto
Em entrevista exclusiva concedida ao Marata News na manhã desta quarta-feira (16), o secretário municipal de Obras e Urbanismo de Marataízes, Rodrigo Dadda Lugão, fez duras críticas à gestão anterior e esclareceu pontos polêmicos envolvendo dívidas herdadas e a situação das obras públicas no município. A conversa foi transmitida ao vivo pelo Instagram.
Durante o bate-papo, o secretário confirmou que a atual gestão encontrou dificuldades financeiras significativas logo nos primeiros dias de mandato. Segundo Lugão, a Prefeitura precisaria de aproximadamente R$ 42 milhões em caixa apenas para concluir nove obras paralisadas deixadas pelo governo anterior. “Encontramos nove obras paradas, das quais seis já foram retomadas. As outras três também já estão com o processo de retomada em curso”, afirmou.
Lugão também rebateu declarações do ex-prefeito, que teria minimizado a existência de dívidas. “Sim, foram deixadas dívidas. Temos empresas cobrando reequilíbrio, reajustes contratuais e aditivos que não foram quitados. Só da área de obras, a estimativa está entre R$ 14 e R$ 15 milhões”, detalhou.
Outro ponto levantado foi o início de mandato turbulento, com paralisação administrativa de 10 dias ainda na gestão anterior, o que impactou negativamente a execução das obras em andamento. “A Prefeitura parou por 10 dias no fim do ano passado. Nunca vi isso acontecer. Isso travou ainda mais o andamento das obras que já vinham enfrentando dificuldades”, comentou o secretário.
Um dos destaques anunciados por Lugão foi o avanço no processo de desassoreamento do Rio Itapemirim, uma das principais promessas de campanha do prefeito Toninho Bitencourt. “A dragagem do rio já está homologada e segue agora para o licenciamento ambiental. Sabemos que esse trâmite pode demorar de dois a quatro meses, mas o importante é que o processo já foi iniciado”, disse, apontando os impactos diretos da situação atual sobre os pescadores da região.
Lugão ainda destacou dois casos específicos de obras públicas que foram inexplicavelmente paralisadas, mesmo com recursos em caixa: as Unidades de Saúde de Maria da Glória e Praia dos Cações. “O dinheiro era de convênio, já estava depositado. No primeiro mês, retomamos as obras. Não houve justificativa técnica plausível para essas paralisações”, enfatizou.
O secretário aproveitou a entrevista para criticar a forma como o governo anterior conduziu licitações e o planejamento de investimentos. “Quando se licita uma obra, tem que haver dotação orçamentária e garantia de recurso em caixa. Nada disso foi feito. A gestão anterior não deixou verba disponível para continuidade das obras, como exige a responsabilidade com o dinheiro público”, disparou.
Lugão também revelou que a frota de maquinário da Secretaria estava praticamente toda inutilizada. “Só a escavadeira hidráulica funcionava, e mesmo assim precisou de manutenção urgente. Hoje, com muito esforço da nossa equipe, todas as máquinas estão operacionais e prestando serviço à população.”
Ainda durante a entrevista, o secretário foi elogiado pela população por ter corrigido, logo no primeiro dia útil da atual gestão, uma intervenção urbanística considerada desastrosa na praça da Barra. “Fizeram um estreitamento sem sentido da via, como se fosse mão única, o que nunca foi planejado. Já corrigimos e vamos contratar um engenheiro de trânsito para repensar a mobilidade urbana antes que a situação se agrave”, explicou.
Por fim, Rodrigo Lugão agradeceu à equipe da Secretaria de Obras pelo empenho nos primeiros 100 dias de gestão. “Estamos fazendo o possível com os poucos recursos que temos. A população não pode pagar pelo abandono de quem saiu. Vamos retomar todas as obras paradas, mesmo que em ritmo mais lento”, garantiu.
