O início da campanha alusiva ao Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, celebrado no 12 de junho, foi marcado por uma mobilização que contou com a participação, de membros do Ministério Público do Trabalho. Equipes da rede socioassistencial de Vitória ocuparam a Praça Regina Frigeri Furno, em Jardim da Penha, para chamar atenção para a prevenção e erradicação do trabalho infantil.
A movimentação atraiu a dona de casa Erica Ribeiro, que é acompanhada pelo Centro de Referência Especializada (Creas) Centro, mas saiu de casa para dar apoio à atividade na companhia da filha Flaviane Ribeiro, de 14 anos. Ela contou que foi em busca, também, de uma oportunidade de qualificação profissional para a filha adolescente.
“Minha filha está na escola regular e frequenta o Serviço de Fortalecimento de Vínculos – Cajun. Agora, precisa se qualificar, também, para o mercado de trabalho e seguir sempre nesse caminho de vitórias”, disse a dona de casa. Esta também é a opinião da dona de casa Rosimeire Batista dos Santos Ribeiro, mãe da adolescente Ana Carolina, de 15 anos.
“Essa movimentação chama atenção das famílias que é preciso acabar com a exploração de adolescentes. Eles precisam de oportunidades. Tendo oportunidade eles saem das ruas. Mantendo-os ocupados eles enxergam que ficar à toa não é o melhor caminho. A oportunidade de qualificação mais prática é um incentivo para eles caminhem no bem”, defende Rosimeire.
Enquanto participavam da ação, as duas adolescentes se inscreveram para o Programa Adolescente Aprendiz e, ambas, foram chamadas para uma vaga de aprendiz. A notícia recebeu aplausos da gerente de Proteção Social Especial de Média Complexidade da Secretaria de Assistência Social de VItória Fabíola Calazans.
“É nisso que acreditamos. Acreditamos no trabalho que garanta a inserção dos adolescentes na aprendizagem. Dessa forma, esses adolescentes tem a oportunidade de continuidade no estudo, de acesso à aprendizagem de uma profissão e do exercício da prática dela”, explicou Fabíola.
Segundo ela, a Semas tem intensificado os esforços para afastar as crianças e os adolescentes de todo e qualquer trabalho que o estigmatize. “Crianças e adolescentes devem estar próximo de outros formatos de aprendizados, como brincadeiras, artes, cultura, bem como de atividades que promovam o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários”, defende Fabíola.
Na opinião da gerente, toda a sociedade tem que se abrir para acolher essas crianças e adolescentes. “E assim possamos romper esse modelo de exploração do trabalho infantil”, destacou a gerente da Semas. De acordo com o levantamento feito pelo Observatório Vix/Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), atualmente, foram abordadas 426 crianças e adolescentes em situação análoga à exploração para o trabalho.
Desse total, 230 residem em Vitória e, os demais de bairros de municípios da região metropolitana que vem para a capital cotidianamente para trabalhar. Em sua maioria, essas crianças e adolescentes são usados como mão de obra nas feiras, lava-jatos e, em venda de doces nos semáforos.
Essa situação registrada pelas equipes de abordagem da Semas é considerada desafiadora para a secretária de Assistência Social, Cintya Schulz. “Precisamos estar unidos, enquanto poder público e sociedade para erradicar essa lógica do trabalho infantil. Toda a sociedade tem que enxergar o trabalho infantil como uma violação de direitos humanos”, aponta a secretária.
Cintya Schulz fez questão de acrescentar que o trabalho infantil afasta as crianças da escola, reduzindo seu aprendizado e em distorção idade série, além de prejudicar seu desenvolvimento físico. O trabalho nas ruas as coloca em risco de várias violências.
As ações de combate ao trabalho infantil foram realizadas no Serviço de Fortalecimento de Vínculos – Cajun Santo André, Cras Izaltino Alves, CREAS Maruípe,CEntro de Referência da Juvetude (CRJ) e Unidade de Inclusão Produtiva São Pedro (UIP).
Rede socioassistencial de Vitória faz campanha contra trabalho infantil